Biossegurança em odontologia dentro das universidades brasileiras
Você sabia que a Disciplina Biossegurança em Odontologia não é matéria obrigatória no currículo da Graduação no Brasil?
Biossegurança é uma das bases para promover a segurança dos pacientes e profissionais nas atividades clínicas da Odontologia. Entretanto, ainda não é ministrada na graduação de várias instituições no país. Apesar disso, é na Odontologia que a biossegurança está mais presente na formação universitária de profissionais da saúde no Brasil. Já para a formação da equipe auxiliar a disciplina biossegurança em odontologia é obrigatória. Não é contraditório?
O cirurgião dentista é o responsável técnico dos serviços odontológicos e encarregado de supervisionar as atividades da equipe auxiliar. Como é possível avaliar uma tarefa para a qual o profissional não foi formalmente treinado?
Novas diretrizes do Ministério da Educação e Cultura - MEC apontam Biossegurança como tema essencial do currículo da graduação
As Diretrizes Curriculares para os cursos de graduação substituíram os currículos mínimos com o intuito de permitir maior flexibilidade na formação profissional sem prejuízo do desenvolvimento das competências básicas. O papel do MEC, entretanto, é de estabelecer quais são as habilidades e conhecimentos necessários para serem construídos em cada graduação.
O novo documento traz inovações em relação às diretrizes atuais e já foi aprovado. Contudo, falta ser homologado. Isso significa que ainda não está em vigor. O termo Biossegurança aparece três vezes ao longo do texto e ressalta a sua importância na formação profissional. Já é um excelente começo.
Biossegurança na graduação
A teoria que fornece os fundamentos e evidências científicas é essencial, mas deve estar atrelada ao exemplo praticado pelos professores durante as clínicas. Isto é, pode estar na lei que é obrigatório o uso de óculos de proteção durante o atendimento clínico, ter evidências científicas que indicam o seu uso, mas se o professor não utiliza, que moral vai ter para cobrar o aluno?
Por esse motivo, a Biossegurança precisa ser incluída em todas as áreas de atividade dentro da graduação, mesmo nas atividades laboratoriais. Dessa forma, o aluno já vai se acostumando ao uso dos EPI (equipamentos de proteção individuais). Vai ganhando destreza com as mãos enluvadas e prática na escolha de equipamentos que sejam mais adequados para cada indivíduo. E, o mais importante, vai sendo pouco a pouco incorporada na prática profissional.
Biossegurança para o futuro dentista – a vida profissional
A estrutura universitária é muito diferente da encontrada no cotidiano da maioria dos cirurgiões dentistas. Por isso, outro ponto importante é proporcionar vivências simulando a organização de um serviço odontológico de pequeno porte. Como deve ser, por exemplo, o arranjo de uma unidade de processamento para fazer todas as sete etapas da esterilização:
- Limpeza;
- Inspeção Visual;
- Embalagem;
- Esterilização;
- Monitorização da Esterilização;
- Registros;
- Armazenamento do Material Esterilizado.
O que é considerado adequado em Biossegurança em Odontologia?
Um recente artigo avaliou o ensino em Biossegurança em odontologia e apontou que ainda ocorrem muitas falhas na prática mesmo em escolas onde a matéria é oferecida. Os dados permitem concluir que contemplar a disciplina é somente o início de um processo que busca a qualidade do atendimento odontológico em Biossegurança.
Outro ponto importante é definir o que é satisfatório? No Brasil a referência é o manual da ANVISA “Prevenção e Controle de Riscos em Serviços Odontológicos” de 2006. Documento que já está bastante defasado e merece revisão. Na área de processamento de artigos a RDC 15 está sendo atualizada e vai incluir Odontologia em todos os níveis de organização. Entretanto, as práticas de Biossegurança na atividade clínica precisam ser reavaliadas em face aos episódios de contaminação cruzada identificados em consultórios odontológicos.
Fonte: Cristófoli Biossegurança. Disponível em: https://www.cristofoli.com/biosseguranca/por-que-a-disciplina-biosseguranca-em-odontologia-nao-e-obrigatoria/. Acesso em 16/06/2021.