Dobras e alças ortodônticas: por que tão importantes?
Antes de falar sobre as dobras e alças ortodônticas, os planos de realização e a importância delas, é fundamental fazer uma reflexão. Você lembra da sua primeira restauração, sua primeira abertura endodôntica ou mesmo do seu primeiro preparo cavitário?
Seus primeiros procedimentos odontológicos evoluíram ao longo dos anos e, da mesma forma, as dobras também! Com isso, vai ficar cada vez mais fácil com o tempo, treino e repetição. Nada como uma boa didática para tornar as Dobras e Alças mais plausíveis. Além disso, o tempo é essencial para um aperfeiçoamento da habilidade manual.
Planos de realização das dobras
Existem três diferentes planos para a realização das Dobras. O primeiro é o plano horizontal, e constitui as Dobras de 1ª ordem. Essas dobras são realizadas no plano horizontal e promovem um movimento vestíbulo-lingual/palatino do fio.
O segundo é o plano vertical, e constitui as Dobras de 2ª Ordem. Essas dobras são realizadas no plano vertical e promovem um movimento cérvico-incisal/olclusal do fio.
O terceiro e último plano de realização das Dobras promove uma torção do fio, denominado torque. O torque promove uma inclinação da coroa para vestibular e, consequentemente, uma inclinação da raiz para lingual/palatino. Os dentes possuem centro de resistência e todo movimento de inclinação (torque) da coroa em uma direção, promove uma inclinação (torque) radicular na direção oposta.
Você sabe como as alças agem nos dentes dos seus pacientes?
As alças são realizadas através de dobras nos fios ortodônticos, somadas a segmentos de fio que irão conformar desenhos específicos. Esses desenhos podem ser definidos da seguinte forma:
- Alça em “T”;
- Alça em “L”;
- Alça em “U”;
- Alça de Retração;
- Alça em “Box” (caixa).
Dessa maneira, as alças são responsáveis por aumentar a quantidade de fio dentro da distância entre um bracket e outro. Com isso, aumenta a flexibilidade na liberação da força na movimentação ortodôntica.
A importância de fazer dobras e alças
Algumas pessoas acreditam na era dos arcos retos e que as dobras de fios não são mais necessárias. Entretanto, a técnica do arco reto (Straight Wire), na qual um fio elástico é inserido e substituído mensalmente, não permite ajustes de acordo com a morfologia esquelética individual, dentição, idade, gênero e desejos pessoais do paciente.
Se esses ajustes não fossem necessários, os resultados dos tratamentos deveriam ser os mesmos em todos os casos, mas isso não é a realidade. Cada paciente necessita de um tratamento diferenciado conforme suas características e necessidades e não conforme a indústria que desenvolve formatos de arcos pré-determinados e prescrições pré-ajustadas.
É fato que os avanços nas propriedades dos fios tenham mudado as técnicas clínicas. Além disso, o desenvolvimento dos fios com alta resiliência reduziu (mas não eliminou) a necessidade de dobras e alças. Outra consideração é o desenho dos brackets. A força do fio é transmitida ao tecido periodontal e ao osso alveolar via brackets colados nos dentes visto que a morfologia e o tamanho deles diferem de acordo com o desenvolvimento de cada técnica/prescrição e entre os fabricantes.
Embora cada bracket pré-ajustado tenha torque, angulação, in/off-set e morfologia baseada no seu desenho original, é estranho que, na grande maioria dos casos, o mesmo tipo de bracket e prescrição seja utilizado sem alteração para as necessidades únicas e individuais de cada paciente.
Esse é o principal motivo da real necessidade da individualização com informações (dobras) nos fios para cada paciente em específico. Portanto, se forem utilizadas as mesmas prescrições e os mesmo fios “padrões” desenvolvidos pela indústria, todos os pacientes serão padronizados. Acima de tudo, deve-se considerar que cada caso é um caso!
Errei a colagem, e agora?!
Uma boa colagem do aparelho ortodôntico é fundamental para uma boa finalização e condução do caso. Entretanto, é inerente da profissão, principalmente no início, alguns erros de posicionamento de brackets.
Além de todas essas indicações descritas acima, as dobras permitem ao profissional ajustar pequenos erros de colagem, pois errar é humano. Muitos irão dizer: “Mas se colei errado, basta recolar o bracket”. Quem garante que ao recolar o bracket, visto que já ocorreu o erro do posicionamento anteriormente, ele será recolado na posição exata e correta?
Nada mais prático do que realizar dobras no fio ortodôntico para compensar e ajustar os erros de posicionamento de brackets. Até porque, as dobras permitem gerenciar intensidades menores e aumentar gradativamente conforme a necessidade de cada caso e assim “ir corrigindo aos poucos”.
A realização das dobras e alças ortodônticas liberta o especialista de conceitos essencialmente teóricos e de resultados milagrosos de determinadas técnicas (prescrições).
A teoria que se reflete em habilidade na ortodontia, tem como resultado profissionais seguros na individualização dos casos clínicos com excelência, na condução dos tratamentos e finalização com os melhores sorrisos.
Sabe-se das dificuldades de muitos na realização das dobras e alças, mas nada melhor do que a reflexão no início desse post: “Você se lembra da primeira restauração quando ainda estava no quinto período da graduação?” Nada como uma boa didática, um bom professor que vai pegar na sua mão e lhe conduzir nas melhores finalizações com a individualização que as dobras e alças permitem para cada paciente.
Fonte: Blog Dental Cremer. Disponível em: https://blog.dentalcremer.com.br/dobras-e-alcas-ortodonticas-porque-tao-importantes/. Acesso em: 26/11/2019.